Mundo Sexta-Feira, 01 de Fevereiro de 2019, 22h:06 | Atualizado:

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EXEMPLO DE VIDA

Cega, costureira de 63 anos é aprovada em universidade pública

 

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Depois de 40 anos fora das salas de aula, o sonho de uma costureira mineira vai, finalmente, se concretizar: Jandira Lopes de Andrade, de 63 anos, foi aprovada na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e começa no dia 6 de março a cursar Letras na Universidade Federal de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais.

— Fiz o Enem sem perspectiva de passar, e deu essa surpresa maravilhosa. Acho que nem caiu a ficha ainda! — conta ela.

Deficiente visual há seis anos, Jandira não percorreu um caminho fácil até a aprovação. De agosto até os dias 4 e 11 de novembro, quando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi aplicado, ela participou de aulas do Curso Preparatório para Concursos, oferecido pela Prefeitura de Juiz de Fora.

— Quando eu cheguei lá, as aulas já tinham começado, mas os professores me ajudaram, as pessoas me deram muito apoio — conta ela.

A perda da visão aconteceu em 2013, quando Jandira ainda trabalhava como costureira em seu atelier de fantasias. Vítima de um Acidente Vascular Ocular, ela deixou de enxergar em apenas três dias, e ficou completamente cega por dois longos anos. Depois de uma leve melhora, hoje ela tem baixa visão, enxerga muito pouco, quando coloca textos e objetos bem próximos aos olhos.

No curso preparatório para a "maratona", como ela chama o Enem, Jandira contou com o empenho e ajuda dos professores, que, além das aulas, enviavam um grande volume de material e exercícios para que ela pudesse estudar em casa.

Outro aliado foi a tecnologia: com aulas no período da manhã, ela passava as tardes estudando em frente a televisão. Usando uma lupa digital conectada ao aparelho, conseguia enxergar os textos e exemplos das apostilas do curso, ainda que com bastante dificuldade. Já pelo celular, com um aplicativo, ela conseguia converter os textos em áudios e passava o dia ouvindo os materiais indicados pelos professores.

Na hora da prova, a agora caloura de Letras contou com o auxílio de duas ledoras, uma para ler a prova e a outra para marcar o cartão de respostas.

Pensei: 'Vou meter a cara, vai dar certo!'

A primeira opção de curso de Jandira seria biologia, mas as aulas em laboratório a afastaram da escolha. Leitora voraz, o curso de Letras foi uma saída para conciliar a vontade de voltar a estudar e o prazer da leitura.

— Eu via meus filhos, todos já estudaram. Ficava me perguntando: 'O que eu vou fazer da minha vida agora?'. Aí decidi estudar. Pensei: 'Vou meter a cara, vai dar certo!' — lembra, dizendo ainda que a leitura que antes era por "prazer" será agora por "dever" e "responsabilidade".

Faltando cerca de um mês para o início do semestre, Jandira está animada, ansiosa e muito confiante com a volta para as salas de aula.

— Acho que vai dar tudo certo. Estou muito confiante. Tenho certeza que vou concluir o curso com louvor! — fala.

Sem conseguir enxergar, Jandira já não trabalha mais como costureira, ofício que desempenhou por 15 anos. Hoje ela conta com a ajuda dos três filhos e também faz diferentes tipos de pão para vender.





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