Terça-Feira, 14 de Outubro de 2014, 10h01
SEQUESTRO
Funcionário de Ministério completa 5 dias sequestrado por índios em MT
Da Redação
S. FÉLIX
Mantido como refém há cinco dias por índios da etnia Karajá, o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena de São Félix do Araguaia (1.200 km a nordeste da Capital), Milton Martins de Souza ainda não tem previsão de quando será solto. De acordo com os índios, a medida radical foi tomada após três anos de precariedade nas aldeias onde quase 20 crianças morreram por problemas como desnutrição e diarreia.
Eles exigem que um representante do Ministério da Saúde vá até São Félix do Araguaia. O Distrito é composto por cerca de cinco mil índios das etnias Karajá e Tapirapé, que vivem em aproximadamente 35 aldeias em Mato Grosso, Goiás e Tocantins.
Após o sequestro do coordenador, a sede do Distrito, em São Félix do Araguaia, está fechada para atendimento ao público e só retornará às atividades após a resposta do MS.Segundo um dos líderes do movimen-to, Juanahu Karajá, 33, o coordenador do Distrito está bem e em constante contato com a família. Milton é mantido na aldeia Fontoura, localizada na Ilha do Bananal, na divisa entre Mato Grosso e Tocantins.
Os índios já teriam ido várias vezes à Brasília e não conseguiram nenhuma solução para os problemas enfrentados.Juanahu conta que nos últimos três anos as tribos tem sofrido com a falta de investimentos, que tiveram como consequência a morte de crianças. “Faltam remédios e isso é a menor parte dos problemas. Temos médico, mas sem os medicamentos ele não têm o que fazer. Quem tem condição de comprar remédio sobrevive, quem não tem perece. Falta água tratada, saneamento básico e até alimento. Pessoas estão morrendo e ninguém faz nada”.Ele reclama que antes da inter-ferência do homem branco, as aldeias não tinham tantas doenças e depois de interferirem na cultura indígena, o governo se nega a ajudá-los. “Antes éramos mais saudáveis, mas com a cultura branca ficamos doentes, nos acostumamos com medicamentos e o nosso organismo precisa de mais cuidados do que antes. Precisamos que olhem por nós. Estamos com o chefe do Distrito como última medida para alertar às autoridades. Cansamos de promessas. Estamos sofrendo e queremos mostrar isso”.
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