Na terça-feira (28), parte de um cruzamento rodoviário na prefeitura de Saitama, a cerca de 28,9 quilômetros ao norte da capital do Japão, se abriu.

Um caminhão de três toneladas e o motorista de 74 anos foram engolidos pela cratera, que levou a uma missão de resgate que já dura quatro dias.

O buraco se expandiu para 40 metros de largura — um tamanho quatro vezes maior que o inicial, relatou uma autoridade local à CNN nesta sexta-feira (31).

As autoridades japonesas pediram que centenas de moradores perto de Tóquio saíssem da região devido à expansão da cratera, que dificultou a passagem dos socorristas para alcançar o idoso.

“O interior foi escavado e está ficando maior a cada dia”, explicou um membro da Divisão de Obras de Esgoto da Prefeitura de Saitama.

As equipes de resgate usaram guindastes para levantar parte do caminhão para fora do buraco e enviaram drones para o subsolo, mas não conseguiram se comunicar com o motorista do caminhão desde a terça-feira (28).

As autoridades acreditam que canos de esgoto corroídos podem ter causado a queda da terra.

O vazamento de águas residuais pode ter erodido ainda mais o solo ao redor, ampliando o abismo, disseram.

Um pedido para deixar a aérea foi feito para duzentas famílias desde terça-feira (28), falaram as autoridades locais.

Mais de um milhão de moradores foram orientados a evitar banhos e lavagem de roupas em uma tentativa de reduzir o uso de águas residuais, o que poderia complicar ainda mais os esforços de resgate na área frágil.

A abertura repentina da terra gerou receios entre algumas pessoas na região, que é bastante povoada, sobre o labirinto de canos envelhecidos sob suas casas e empresas.

“Eu moro perto da área e tenho assistido a todas as imagens do noticiário. O momento em que o buraco se alargou foi realmente assustador”, falou um usuário na plataforma de mídia social X.

O Ministério de Terras, Infraestrutura, Transporte e Turismo contou à CNN nesta sexta-feira (31) que ordenou inspeções de emergência de canos de esgoto semelhantes em Saitama e em seis outras prefeituras, lar de cerca de 39 milhões de pessoas.

Decadência de canos

Os sumidouros são mais comuns em áreas cobertas por rochas como gesso, calcário e outras rochas carbonáticas, já que podem ser naturalmente dissolvidas por águas subterrâneas, segundo o United States Geological Survey (USGS).

Takashi Oguchi, geógrafo da Universidade de Tóquio, falou que buracos são raros no Japão, onde a maioria das estradas é construída em sedimentos fluviais e marinhos não consolidados.

Ele alertou que quando um grande cano de água subterrâneo se rompe, a água vazada pode levar esses sedimentos, criando um sumidouro.

Grande parte da infraestrutura pública do Japão foi construída entre as décadas de 1960 e 1970 durante uma alta econômica após a Segunda Guerra Mundial. Um período em que grande parte de Tóquio foi destruída por bombardeios americanos.

O sistema de esgoto na prefeitura de Saitama tem cerca de 42 anos.

“Teremos mais eventos como esse no futuro porque a deterioração de canos subterrâneos está acontecendo aos poucos, e muitos canos estão localizados abaixo das estradas”, analisou Oguchi.

Reiko Kuwano, professora de engenharia civil da Universidade de Tóquio, apontou que inspecionar canos enterrados profundamente no subsolo é sempre um desafio.

Operação de resgate difícil

No cruzamento de tráfego em Saitama nesta sexta-feira (31), os socorristas correram para alcançar o motorista preso por dias, metros abaixo do asfalto.

A missão tem sido difícil até agora, comentou o oficial da Divisão de Obras de Esgoto à CNN.

Ele disse que o buraco original que derrubou o motorista se fundiu com um segundo sumidouro próximo, resultando na expansão deste.

O motorista estava “enterrado em terra e areia, e se trouxermos equipamentos pesados ​​perto do asfalto, eles podem cair”, expressou o oficial.

Segundo ele, os socorristas estão planejando construir uma rampa para trazer o equipamento pesado por meio de um ângulo.

“Estamos trabalhando duro construindo a rampa e pretendemos concluí-la hoje”, concluiu.