A publicitária Clarice Herzog, viúva do jornalista Vladimir Herzog, vai receber pensão vitalícia, em função do assassinato do marido pelo Estado brasileiro, na ditadura militar, há 50 anos.

Pela decisão da Justiça Federal, que acontece em caráter liminar, Clarice vai receber quase R$ 35 mil por mês. Segundo o juiz Anderson Santos da Silva, a idade de Clarice, que tem 83 anos, e o diagnóstico de doença de Alzheimer em fase avançada pesaram em favor da sentença, que ainda vai ser avaliada pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1).

Em outubro de 1975, quando era diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, Vladimir Herzog compareceu a uma unidade do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Ele tinha sido convocado pelo Exército para depor sobre suposta ligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Ali, foi torturado e morto por militares, que forjaram uma versão de suicídio por enforcamento. Com a morte do marido, Clarice Herzog começou um movimento para investigar o assassinato e punir os responsáveis.

A partir daí, Clarice também passou a ser perseguida pela ditadura. Por isso, teve a condição de anistiada política aprovada, em março do ano passado, pela Comissão de Anistia.

Em nota, o Instituto Vladimir Herzog afirmou que a concessão da medida liminar é um importante marco que garante o imediato pagamento da prestação mensal devida à viúva.

O valor da reparação à Clarice corresponde ao salário do cargo que ocupava Vladimir Herzog quando foi assassinado.