Opinião

Terça-Feira, 03 de Setembro de 2024, 09h04

Adriana Tanssini

Honra e verdade, coisas que não transcendem

Adriana Tanssini

 

"E é de repente / Que a tarde vem caindo, / Caindo como um rio que se apressa / Para o abismo. / É uma descida imensa / E ao mesmo tempo breve."

O trecho do poema “A Tarde” de Olavo Bilac evidencia a melancolia de um narrador que usa do paradoxo, uma figura de linguagem para tratar de contradição. 

E é perigoso quando as pessoas fazem do paradoxo um estilo de vida, as vezes maculando a própria biografia, e com isso se apressando para o abismo. 

Um dos abismos mais obscuros é quando a verdade é distorcida, manipulada ou escondida. 

E aqui me impressiona (e espanta) que, a todo custo, tenta-se combater uma iniciativa da Diretoria da OAB-MT, ao criar a Procuradoria Especializada em Defesa das Prerrogativas, uma das pautas permanentes mais importantes da advocacia. 

A decisão de criar a citada procuradoria foi uma decisão da Diretoria da OAB-MT, em plena concordância com o art. 31 do Regimento Interno da Seccional Mato Grosso. E sim, uma diretoria que dois de seus membros decidiram apoiar projetos políticos distintos, algo que é normal em uma democracia.

O que não é normal é quando se começa a jogar contra a própria advocacia e a instituição que a representa.

No paradoxo de uma “decida imensa, e ao mesmo tempo breve”, tentam menosprezar os avanços – construídos com a liderança da presidente Gisela Cardoso e a união de esforços de toda a advocacia. Com isso, tentam sofismas, com apelos à ignorância, ou ao mais detestável de tudo: apostam em fake news. 

Espanta-me quando narram que a OAB interpelou advogados que buscaram informações financeiras. Uma verdadeira mentira. A OAB interpelou advogados para que expliquem em juízo quais são as fontes das informações falsas que divulgaram em grupos de WhatsApp. Porque dos balanços publicados no portal de transparência da Seccional Mato Grosso é que as informações falsas não foram tiradas. E isso precisa ser esclarecido sim. 

Ato falho, ao meu ver é quando alguém faz do paradoxo uma rotina, demonstrando que suas acusações revelam uma verdadeira confusão. 

A OAB Mato Grosso, transparente e de toda a advocacia mato-grossense, não pode se render ao abismo da ignorância, ao pensamento daqueles que querem se impor – não contribuir, não dialogar. 

Porque existem coisas que não transcendem, uma delas é a honra, e outra é a verdade. Abstrações que se materializam com os fatos. E diante disso, ao invés de comoções vazias, é melhor se ocupar com ideias construtivas para fortalecer e defender a advocacia. 

Adriana Tanssini é secretária-geral adjunta da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT).

Comentários (3)

  • Elvis Klauk Júnior  |  03/09/2024 12:12:34

    Ninguém é contra se criar a procuradoria, o que nos espanta é criar no apagar das luzes da gestão, próximo ao pleito eleitoral e nomear um colega que era pré candidato de oposição.

  • Willian Marino |  03/09/2024 12:12:29

    Espera aí um pouquinho? criar um cargo novo, e nomear um pretenso concorrente que desiste de ser oposição? Neste momento pré-eleitoral? O sentimento é de tristeza, que se faça uma jogada assim com um cargo que vai tratar de prerrogativas. Mas a tristeza maior é os colegas serem interpelados. Primeiro: a crítica é a gestão, e não à instituição OAB. Segundo, se fazendo de vítimas,?como se tivessem acusado o tesoureiro de ser desonesto. Quando se questiona as decisões de destinação do dinheiro. É por causa dessa postura, de tergiversar, e fazer de conta que o assunto é outro, que quem ajudava essa gestão desistiu e a oposição só cresce.

  • Yuri Nadaf Borges  |  03/09/2024 10:10:50

    A questão que se levanta é o momento de criação da procuradoria, em ano eleitoral, seguida da nomeação de um competente e combativo autodeclarado um pré-candidato à presidência. A impressão que passa é que a hoje presidente nomeou para atender o interesse da sua candidatura a reeleição, e não aos interesses da advocacia.

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