Joao Vieira
Madrugadas sem dormir, vigiando a água. Torneiras secas, amontoados de roupas, louças e casa suja. Desespero total. Essa realidade faz parte da rotina diária de quem mora na 2ª maior cidade de Mato Grosso, Várzea Grande, onde o Índice de Atendimento de Água é de 88,28%, segundo o Trata Brasil, mas a população chega a ficar mais de 15 dias sem água. Até mesmo bairros que antes tinham um fornecimento mais regular, neste ano têm enfrentado sérias dificuldades.
A situação é tão crítica no município que os moradores não têm conseguido nem mesmo comprar caminhões-pipa para abastecer suas caixas, por causa da alta demanda. Empresas que vendem a água afirmam que estão fazendo agendamento nos bairros para entregas. A população se vira como dá. Alguns contam com as chuvas para o armazenamento de água para serviços básicos, outros vão tomar banho e buscar água na casa de parentes, como é o caso de Jonathan Gusmão.
Morador do bairro Água Vermelha, praticamente na região do centro de Várzea Grande, ele precisou tomar banho na casa de parentes a semana toda. Nesta segunda-feira (10), ele ainda foi buscar água, dois galões, em uma empresa próxima a sua casa que tem um poço artesiano. Com um bebê de apenas três meses em casa, ele conta que nunca passou por uma situação de falta de água tão ruim como a deste ano. Aqui, a última vez que veio água foi na terça passada e veio muito pouco, não enche nem uma caixa.
Moradora também do Água Vermelha, há mais de 30 anos, a idosa Veleda Koch, 80, está assustada com a nova realidade do bairro. Eu nunca passei por algo parecido nesses anos todos aqui. Segundo ela, a água que chegou na terça-feira da semana passada, encheu apenas 140 litros de sua caixa. Você tem ideia de como é pouco? É desesperador.
A idosa conta que não tem conseguido comprar caminhão-pipa e, assim como o Jonathan, está desde quinta-feira da semana passada tentando. Todos falaram que apenas com fila de espera para conseguir.
No Jardim Glória 2, Terezinha da Silva, 62, que mora com o marido doente e cuida do netinho de três meses, afirma que a situação está complicada. Não temos dinheiro para ficar comprando água e quando vem não é suficiente. Ela conta que tem levado a situação com a ajuda de vizinhos. Eles vão me ajudando como dá.
Galo Bravo
Terça-Feira, 11 de Fevereiro de 2025, 08h33