Desde março deste ano, a Secretaria de Saúde de Cuiabá tenta contratar médicos para organizar as escalas de plantão nas cinco policlínicas, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Bairro Morada do Ouro, e da sala vermelha do Pronto-Socorro da capital. Das 40 vagas abertas, apenas 12 foram preenchidas até agora. Conforme o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), a falta de profissionais interessados está ligada ao salário oferecido e também às condições de trabalho.
"Hoje temos a oferta de um piso salarial de R$ 3.500 e existem maneiras paleativas que vão sendo criadas pelos gestores como prêmios e bonificações para a complementar salarial e às vezes chega a 60% do salário. Essa gratificação não é incorporada ao salário, não é levada para a aposentadoria e em casos de licença, então causa uma instabilidade muito grande", afirmou a presidente do sindicato, Elza Queiroz.
O secretário de Saúde do município, Werley Peres, disse que há escassez de pediatras no mercado e, por isso, o órgão enfrenta dificuldades para preencher a escala de plantões. Segundo ele, desde janeiro até agora cerca de 40 profissionais deixaram de trabalhar para o município. Para atrair novos profissionais e ainda incentivar os que já estão trabalhando nas unidades, nesta semana foi concedido aumento nos valores pagos em plantões e prêmios. A medida é emergencial até o quadro ficar completo.
Por um plantão durante o dia, de segunda a sexta-feira, houve aumento de R$ 800 para R$ 950. Já os médicos que trabalharem em regime de plantão aos fins de semana receberão, por plantão, R$ 1.300. "Aumentamos também o incentivo para o médico que já é contratado da prefeitura nas nossas policlínias, UPA e sala vermelha do Pronto-Socorro com um incremento de R$ 150 por plantão a mais do que ele já recebe. Isso equipara, praticamente, o salário do médico do SUS com o de um médico que trabalha na rede privada", afirmou.
Atualmente, 136 médicos trabalham na rede municipal de saúde. A expectativa é de que seja feito um concurso público com 140 vagas. Oitenta e cinco dos profissionais aprovados já começariam a trabalhar este ano. "A gente precisa de 40 médicos para cobrir toda a nossa rede sem nenhum furo nos plantões das policlínicas e UPA", pontuou o secretário.