Thiago de Arruda, 35, é barbeiro e atende exclusivamente idosos, pessoas com dificuldade de locomoção e com deficiência. A ideia de fazer cortes de cabelo e barba para esse público específico surgiu após uma experiência que teve como cuidador de pessoas em vulnerabilidade.
Barbeiro desde 2017, o profissional precisou fechar seu estabelecimento durante a pandemia por conta das medidas de prevenção à covid-19. Em 2021, começou a trabalhar como cuidador por recomendação da esposa, que também é cuidadora e percebia a falta de homens na área.
Após dois anos, em 2023, resolveu voltar à antiga profissão, porém, dando foco a pessoas que por algum motivo não acesso ao serviço. "Tenho que atender eles da forma que estiverem, em qualquer ambiente, em uma cama, em uma cadeira, em qualquer lugar. Eu que tenho que me adaptar ao jeito deles. Se tiver que me deitar, para cortar o cabelo deitado, eu me deito também para conseguir atender o cliente da melhor forma possível", conta o barbeiro.
Duante esses anos no ramo, o profissional afirma que o serviço que oferece é essencial para contribuir com a autoestima e bem-estar do paciente, o que impacta diretamente na qualidade de vida. “A importância é a autoestima, porque a pessoa estando bem consigo mesma, estando com o cabelo cortado, a pessoa se sente melhor (...) eu pergunto para as pessoas ‘quem corta seus cabelos?’ E, geralmente, é a família que corta. Geralmente, a família não sabe cortar o cabelo”, explicou o profissional que conquistou os primeiros clientes distribuindo panfletos na rua.
“Quando a pessoa fica doente, a barba cresce, o cabelo cresce também. Daí fica aquela impressão ruim. Até a própria pessoa não se sente bem”, acrescenta. Além da técnica adequada, o profissional também utiliza produtos e ferramentas específicas. Entre eles, o uso de óleo Johnson e soro fisiológico para remoção de caspas que surgem com o envelhecimento, garantindo a higienização adequada. O profissional também lava e massageia as madeixas com shampoo com essência de camomila ou cidreira para deixar os pacientes mais calmos e relaxados.
Os equipamentos são todos elétricos e permitem uma maior mobilidade ao profissional e conforto para a clientela. O barbeiro também não usa navalhas. “Eu não uso lâminas machucá-los, porque geralmente são pessoas que têm diabetes, que não podem ter nenhum ferimento. Os meus aparelhos são todos elétricos para atendê-los onde eles estiverem com maior facilidade, o máximo possível”, explica.
Assim, o profissional segue proporcionando o acesso a esse serviço e garantindo um atendimento adequado. “É o que eu falo para os pacientes. Podem estar na Torre Eiffel, que eu irei atender lá em cima, porque é assim que meus pacientes são. Eles não podem vir até a barbearia, então eu vou até eles", completa o profissional.