O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista publicada nesta quinta-feira pela revista americana Bloomberg, que está preparado para acordar de manhã cedo com a Polícia Federal em sua casa. Indiciado em três inquéritos, Bolsonaro disse "dormir bem", mas já esperar ouvir a campainha tocar às 6h da manhã.
— Durmo bem, mas já estou preparado para ouvir a campainha tocar às 6h da manhã: ‘É a Polícia Federal! — disse.
Bolsonaro foi indiciado pela PF nas apurações da trama do golpe, por suposta fraude no cartão de vacinação para viajar aos Estados Unidos e pelas joias da Arábia Saudita. A mais recente ocorreu em novembro do ano passado, quando a corporação o indiciou por por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
No escopo deste inquérito, seu candidato a vice em 2022, o general Braga Netto, foi preso em dezembro. O argumento para a preventiva se deu por uma tentativa de obstrução das investigações. Ele teria tentado acesso à delação premiada do ex-ajudante de Ordens, Mauro Cid.
Durante a entrevista, o ex-presidente ainda afirmou que muito do que acontece com ele também ocorreu com o presidente Donald Trump, que voltou a governar os Estados Unidos neste mês.
— Eu fui esfaqueado aqui. Ele levou um tiro aí — afirmou, em referência aos ataques que ambos os políticos passaram nas eleições de 2018 e 2024, respectivamente — ele teve o seis de janeiro, eu, o oito de janeiro. Eu fiquei muito feliz com a anistia que ele deu. Eu espero que não precisemos esperar eleger um conservador em 2026 para fazer o mesmo aqui.
Em sua fala, Bolsonaro comparou as invasões do Capitólio, em 2021, aos ataques antidemocráticos do oito de janeiro, em 2023. As invasões nos dois países se deram após os políticos terem perdido as eleições.
Sobre a delação do seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, o ex-presidente afirma que suas declarações tem sido "absurdas", mas não o culpa. Bolsonaro diz que Cid estaria sendo chantageado.
Único nome para 2026
Inelegível por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro voltou a defender seu nome como o único capaz de derrotar o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no próximo ano. Para isso, ele espera pressionar o Judiciário com o apoio de organizações internacionais.
— Não faz sentido Lula concorrer no Brasil, ou outro candidato apoiado por ele, sem oposição. Hoje, eu sou a oposição contra Lula. Qualquer outro nome que concorrer tem um sério risco de perder.
Após ter tido sua autorização negada para comparecer à posse de Trump, Bolsonaro planeja pedir novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) seu passaporte para viajar. Ele quer estar em Washington em fevereiro, durante a próxima edição do congresso conservador CPAC.