Mundo Sábado, 10 de Maio de 2014, 18h:25 | Atualizado:

Sábado, 10 de Maio de 2014, 18h:25 | Atualizado:

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Governo de Alckmin recebe críticas na área da cultura

 

R7

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O atual Governo de São Paulo, sob o comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB), é alvo de críticas em relação a suas políticas culturais. O governo, que só investe cerca de 1% de seu orçamento na pasta cultural, vive problemas no setor, como a situação indefinida do projeto do Complexo Cultural da Luz e o fechamento do Museu Paulista, que sequer tem obras de reforma em andamento ou prazo para que sejam concluídas.

O governo ainda viveu o desgaste de ver o nome que comandou a pasta da Cultura entre 2010 e 2012, Andrea Matarazzo, envolvido no escândalo sobre suposto pagamento de propina na área de trens em São Paulo. Especialistas em cultura popular acusam o governo estadual de tratar de forma diferente a cultura dos bairros nobres paulistas daquela oriunda da periferia.

A secretaria, por sua vez, afirma que faz ações descentralizadoras na área cultural, como a Virada Cultural Paulista, que acontece nos próximos dias 24, 25, 31 de maio e 1º de junho em 28 cidades paulistas. O investimento anunciado é de R$ 7,2 milhões. O atual secretário de Estado da Cultura é Marcelo Mattos Araújo.

A gestão de Alckmin não é considerada satisfatória na área cultural por muitos artistas. Gente como o diretor Carlos Canhameiro, da Cia. de Teatro Les Commediens Tropicales. Na visão do artista, o governo é falho na área.

— Vejo a gestão cultural do governo Alckmin centralizada na cidade de São Paulo e com descaso total com o interior.

O diretor teatral ainda critica que o governo priorize "investir quase 20% de seu orçamento cultural em três atividades: a Osesp [Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo], a SP Cia. de Dança e o Complexo Cultural da Luz, abandonado recentemente". Canhameiro critica a centralização destes investimentos.

— Uma companhia de dança e uma orquestra da capital têm o dobro do orçamento de todos os editais de todas as áreas de cultura de todo o Estado. Então, evidentemente, não se trata de uma gestão que queira fortalecer as artes no Estado de São Paulo, até porque o orçamento da Secretaria de Cultura não alcança 1% do orçamento total do Estado.

Crise no Ipiranga

Um ponto evidente da crise no setor da cultura na atual gestão do governo paulista é o que ocorre em um dos principais museus do País, o Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga, lugar onde Dom Pedro 1º deu o grito de Independência em 1822. O espaço recebeu um presente amargo em seus 120 anos de fundação: está fechado desde agosto de 2013 e não há previsão de reabertura.

Carece de reforma urgente o lugar que recebia 3.000 visitantes por dia. O prédio como está coloca em risco quem trabalha nele e o público, além de deixar exposto a riscos o precioso acervo de 150 mil peças, 100 mil livros e 40 mil papéis históricos e manuscritos. Contudo, as obras sequer começaram. O Museu Paulista tem administração estadual, por meio da USP (Universidade de São Paulo), que admite não haver ainda cronograma das obras.

Empurra-empurra

O R7 procurou a diretora do museu, Sheila Walbe Ornstein, e questionou quanto vai custar a reforma e quando o museu será entregue à população. Anteriormente, ela já havia afirmado que o lugar ficaria nove anos fechado e só voltaria a receber visitantes em 2022. Por meio da assessoria do museu, a diretora respondeu que "não cabe a esta direção do Museu Paulista, e sim, aos gestores reitorais que assumiram a USP em 25 de janeiro último, as respostas às perguntas formuladas".

A reportagem procurou a reitoria da USP. A assessoria da universidade pediu que entrássemos em contato outra vez com a assessoria do Museu Paulista. Quando informados de que havia sido a própria direção do museu quem nos havia encaminhado à reitoria, a resposta então foi "ainda não é possível especificar o valor total e o prazo da reforma [do Museu Paulista], pois o projeto de restauro está em desenvolvimento". Ainda de acordo com a assessoria da USP, "neste momento está sendo feito todo o levantamento do acervo para que as peças possam ser deslocadas para outros locais, o que é um processo delicado".

O fechamento do Museu Paulista prejudica não só o público, que fica sem poder conhecer importante espaço da história brasileira, como também impede o trabalho de pesquisadores que dependem do acervo. Em entrevista ao Jornal do Campus, publicado na USP no último mês de abril, a diretora do Museu Paulista afirmou "estar preocupada" com a atual crise orçamentária na universidade, que levou o atual reitor, Marco Antonio Zago, a mandar carta a professores, funcionários e alunos reconhecendo a falta de dinheiro e pedindo ajuda de todos para cortar custos.

Polícia para os rolezinhos

Outro ponto em que o governo de Alckmin sofre críticas é por conta do suposto tratamento que dá a movimentos culturais surgidos na periferia. Como  quando começaram os "rolezinhos" nos shoppings de São Paulo. A polêmica se deu após adolescentes de bairros pobres passarem a frequentar em grupo os centros comerciais voltados à classe alta. Integrantes do movimento acusaram a Polícia Militar de São Paulo de intimidar e agredir os jovens. Diante da imagem negativa, o governo precisou voltar atrás no discurso repressivo, e Alckmin chegou até a reconhecer o direito dos jovens de passear nos centros de compras.

Professor da pós-graduação do CELACC (Centro de Estudos Latino-Americanos de Comunicação e Cultural) da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo), o jornalista e fotógrafo Vinicius Souza afirma que houve emprego da força bruta contra os jovens pobres.

— A reação do governo estadual diante dos rolezinhos é a mesma que tem dado historicamente a qualquer manifestação política ou cultural "sem autorização" que venha das periferias: a repressão policial.

O professor cita como exemplo a "Operação Pancadão", que reprimiu bailes funks nas periferias. E lembra que festas semelhantes em bairros nobres não recebem o mesmo tratamento da PM.

—O governo vende a ideia de que promove a "ordem" e isso é feito por meio de uma das polícias mais violentas do mundo. Depois das manifestações políticas de 2013, o aparato repressivo para conter os jovens que queriam algo mais do que "fazer ordeiramente suas compras" estava pronto para atuar nos shoppings, templos da atual cultura do consumo expressa em coisas como o funk ostentação.





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