"A minha irmã falava que tinha algo queimando na barriga dela, como se fosse pimenta. Ela chegou a pegar água e a jogar no corpo dela todo, de tanto que estava queimando o corpo dela e sentindo muita falta de ar. A minha irmã agarrou no braço da médica e falou 'me ajuda, estou morrendo'".
O relato é da empresária Lourdes Oliveira, irmã de Cláudia Barbosa Duarte, de 49 anos, que morreu após um procedimento estético na clínica Centro Cirúrgico Integrado, que fica no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
O corpo de Cláudia foi enterrado na tarde desta sexta-feira (25), no Cemitério da Saudade, na Região Leste de Belo Horizonte.
Segundo Lourdes, o sonho da irmã era fazer abdominoplastia e lipoaspiração para "levantar a autoestima". As duas tinham pesquisado a respeito do médico que realizou os procedimentos e estavam seguras quanto à escolha do profissional.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional Minas Gerais (SBCP-MG) confirmou que o cirurgião responsável pelo procedimento é habilitado, "tendo cumprido todas as etapas de formação e possui Registro junto ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) e título de especialista em Cirurgia Plástica".
Para Lourdes, faltou assistência no pós-cirúrgico. “Acho que a médica foi negligente, porque ela deveria ter dado socorro para a minha irmã. Esperar minha irmã ficar toda gelada para socorrer?”, questionou.
Ainda de acordo com a empresária, a mãe delas acompanhava Cláudia e percebeu que a filha estava morrendo. "Minha mãe ligou pra mim às seis da manhã e disse: 'Sua irmã está morrendo. Eu cheguei em dez minutos. Quando cheguei, já estava na sala de cirurgia, sendo ressuscitada'", disse.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) disse, também em nota enviada na manhã desta sexta-feira (25), que vai apurar os fatos "em procedimento administrativo, sem antecipar juízo de valor". "Todo o procedimento corre em sigilo, em conformidade com o Código de Processo Ético Profissional, tendo o médico amplo direito de defesa e ao contraditório".
O médico Bruno César Freitas Alvarenga, que fez a cirurgia, disse à TV Globo que, em respeito à família, não vai se manifestar e que vai aguardar o laudo do IML para se pronunciar.
A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito, na manhã desta sexta-feira, para apurar as circunstâncias da morte de Cláudia. Novas informações só serão repassadas após a conclusão das investigações. "Assim que acionada, equipe de policiais compareceu ao local para os primeiros levantamentos e o corpo foi removido para o Instituto Médico Legal André Roquette (IMLAR), onde foi submetido a exames para apurar a causa da morte", disse em nota.
O corpo da vítima foi liberado na noite de quinta-feira, "e as investigações seguem em andamento na 1ª Delegacia de Polícia Civil". Segundo a família, a causa da morte será divulgada em 30 dias.