O pai do adolescente de 14 anos acusado de matar quatro pessoas em sua escola de ensino médio na Geórgia, Estados Unidos, foi preso e acusado na quinta-feira de duas acusações de homicídio em segundo grau em conexão com o ataque, informou o Departamento de Investigação do estado.

O pai, Colin Gray, de 54 anos, também foi acusado de quatro acusações de homicídio culposo e oito acusações de crueldade contra crianças, disseram autoridades em uma coletiva de imprensa na noite de quinta-feira.

As acusações contra o Sr. Gray estão "diretamente relacionadas às ações de seu filho e ao fato de permitir que ele possuísse uma arma", disse Chris Hosey, diretor do departamento, na coletiva de imprensa. Ele se recusou a fornecer detalhes, incluindo quais evidências deram às autoridades causa provável para acusar o Sr. Gray no ataque na Apalachee High School em Winder, Geórgia.

Mais cedo na quinta-feira, Charlie Polhamus, avô materno do adolescente, disse acreditar que seu neto era responsável pelo que aconteceu, mas também culpou parte do tumulto na vida doméstica do adolescente com seu pai, que havia se separado da filha do Sr. Polhamus. "Meu neto fez o que fez por causa do ambiente em que vivia", disse Polhamus.

Quando os investigadores que analisavam uma ameaça online falaram com o Sr. Gray no ano passado, ele disse que havia ensinado seu filho, então com 13 anos, sobre caça e armas para desviar sua atenção dos videogames. O adolescente negou ter feito a ameaça de "atacar uma escola secundária" e afirmou que sua conta na plataforma de mídia social Discord havia sido hackeada, segundo a transcrição da entrevista de maio de 2023.

O Sr. Gray disse ao investigador que ele havia discutido com frequência “todos os tiroteios em escolas, coisas que acontecem”. Ele também sugeriu que havia enfatizado os perigos de usar uma arma de fogo.

“Ele conhece a seriedade das armas e o que elas podem fazer, como usá-las e como não usá-las”, disse Gray ao investigador na época.

Não estava claro na noite de quinta-feira se o pai ou o filho tinham representação legal. Um homem que atendeu a porta na casa dos Gray na noite de quarta-feira se recusou a falar com um repórter.

Registros de um despejo de dois anos atrás mostram que o Sr. Gray possuía uma variedade de armas, incluindo um rifle estilo AR-15. As autoridades disseram que esse tipo de arma de fogo foi usada no tiroteio na manhã de quarta-feira.

Os legisladores da Geórgia têm afrouxado constantemente as leis sobre armas nos últimos anos, incluindo uma medida de 2022 que permite que a maioria dos residentes carregue uma arma de fogo sem permissão. O estado não está entre aqueles, por exemplo, que penalizam a falta de armazenamento seguro de uma arma de fogo.

Não estava claro qual era o precedente na Geórgia para acusar os pais em conexão com um crime grave cometido por seus filhos. Quando questionado na quinta-feira, o Sr. Hosey disse que desconhecia os detalhes.

Embora quatro pessoas, dois professores e duas crianças, tenham sido mortas no ataque, o Sr. Gray foi acusado de apenas duas acusações de homicídio em segundo grau. Na Geórgia, essa acusação se aplica quando uma pessoa é acusada de causar uma morte ao cometer crueldade contra crianças em segundo grau, o que envolve negligência criminal.

As acusações na Geórgia ocorreram meses depois que uma mãe e um pai em Michigan foram considerados culpados de homicídio culposo em conexão com o ataque mortal de seu filho adolescente a uma escola de ensino médio em 2021. Quatro alunos foram mortos e sete outros ficaram feridos no que se tornou o tiroteio escolar mais mortal de Michigan.

Os pais, James e Jennifer Crumbley, foram os primeiros no país a serem acusados diretamente pelas mortes causadas por seu filho em um tiroteio em massa, e as acusações foram vistas como parte de um esforço nacional para responsabilizar alguns pais por permitir a violência mortal cometida por seus filhos.

Entre as vitimas estão os professores de matemática Christina Irimie e Richard Aspinwall: