Opinião Sexta-Feira, 06 de Setembro de 2024, 14h:11 | Atualizado:

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Kaene Almeida

O restaurante que conquistou gerações

 

Kaene Almeida

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Há 50 anos, sob a sombra acolhedora das mangueiras que margeavam o fim da avenida Getúlio Vargas, a saída do centro para os bairros mais afastados de Cuiabá, dois mineiros, Sr. Geraldo Barbosa e seu filho Ruiter Barbosa, enxergaram o local perfeito para a realização de um sonho, que se tornaria lendário. Ali, abriram a Lanchonete Mangueiras que, logo depois, recebeu o nome do icônico Restaurante Choppão. 

Catorze anos se passaram e, em 1988, dois irmãos paulistas, Mário Luiz de Andrade e Fernando Quaresma de Andrade, se depararam com o Choppão. Aquela visão singular, acompanhada de uma paixão imediata, desviou seus caminhos e os colocou em uma missão grandiosa: transformar o Choppão no restaurante mais tradicional de Cuiabá. 

Com a experiência das madrugadas de pão na chapa e café pingado no bar Pala a Pala, em São Bernado dos Campos (SP), os irmãos Andrade assumiram a tarefa com dedicação, carinho e muito talento, conquistando corações e paladares de várias gerações.

Mário e Fernando não apenas geriam o restaurante, eles sempre viveram cada momento nele. Com espírito acolhedor, fizeram do Choppão um refúgio onde clientes eram, e continuam sendo, tratados como parentes próximos. Cada prato servido, cada sorriso trocado com os clientes, é como uma peça do quebra-cabeça de suas próprias vidas, que se entrelaçam com as de tantas outras famílias cuiabanas.

Mário, sempre inquieto, buscava inspiração em suas viagens ao redor do mundo. Um dos pratos que se eternizou no cardápio do Choppão, a Picanha Portenha, foi fruto de uma dessas jornadas gastronômicas à Argentina. O amor pela culinária e pela cultura cuiabana está impregnado em cada refeição servida no Choppão, em cada conversa compartilhada em suas mesas.

Outra paixão que fez e faz parte da história do Choppão é pelo futebol. Os  irmãos “Meninos da Vila” faziam questão de comemorar as vitórias do Santos Futebol Clube na frente do Choppão. E lá também sempre foi e continua sendo palco das comemorações de muitos outros times e, principalmente, da seleção brasileira, nas Copas do Mundo.

Em 2018, Mário partiu, deixando um vazio imenso em nossas vidas. Fernando, com seu espírito incansável, continuou a nobre tarefa de manter vivo o sonho que já não pertencia apenas à nossa família, mas a todos os cuiabanos que fizeram do Choppão um segundo lar. Fernando, com sua paixão pela gastronomia e seu respeito pelas raízes, continua a inovar e surpreender os clientes, sem jamais perder a essência que fez do Choppão um ícone.

O Choppão se concretizou como mais do que um restaurante. É um ponto de encontro, um lugar onde histórias são escritas e relembradas. É um lugar que guarda memórias, que sempre foi palco de discussões políticas acaloradas, debates jornalísticos, fechamentos de negócios e, é claro, momentos de diversão e lazer. 

É o local para beber aquele chopp gelado, para saborear os pratos dos mais tradicionais aos que foram sendo incorporados ao cardápio e, é claro, de saborear o famoso Escaldado do Choppão, depois batizado de Escaldado Cuiabano. 

É um lugar para celebrar a amizade, o amor, a vida.

Para muitos, inclusive para mim que tive a sorte de ser a esposa do Mário e compartilhar a vida com esse ser humano maravilhoso, amoroso, até a sua despedida, sentar-se numa mesa do Choppão, ou simplesmente passar por lá, é como ouvir Nelson Gonçalves, que cantava: “Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim”. 

Sim, o Choppão também carrega a nostalgia de quem já partiu, mas permanece vivo nas lembranças e no legado que deixaram. Cada canto daquele restaurante guarda memórias, carregando o peso da ausência, mas também a doçura da lembrança.

Enquanto celebramos os 50 anos do Choppão, olhamos para o futuro com esperança e entusiasmo. Acredito que em 2074, uma grande festa marcará o centenário do restaurante, que continuará a ser um símbolo de tradição, perseverança, amor e fé. A história de Mário e de todos que contribuíram para fazer do Choppão o que é hoje, será contada e recontada, mantendo vivo o espírito daquele que tanto amou e se dedicou a esse lugar especial.

Que os próximos 50 anos sejam tão ricos em histórias e sabores quanto os primeiros, e que o Choppão continue a ser, por muitas gerações, o ponto de encontro de todos que amam a boa gastronomia, a cultura cuiabana, a vida.

Kaene Almeida é cuiabana, gastróloga, nascida e criada no berço cultural da gastronomia cuiabana





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Comentários (4)

  • nada demais

    Segunda-Feira, 09 de Setembro de 2024, 08h40
  • não vejo nada de mais ali , apenas um reduto de burgues, pobre nem encosta , e tem gente que gosta de pagar pau pra ali
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  • Valmir Molina

    Sábado, 07 de Setembro de 2024, 10h14
  • Excelente texto, o Choppão é tudo isso e mais um pouco.
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  • Isaias Miranda - jesus meu tesouro !

    Sexta-Feira, 06 de Setembro de 2024, 22h51
  • Fazuéli agora! O Brasil está quebrando! Mato Grosso potência! Campeão do Agro! O fim está próximo! Deus é fiel!
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  • Chopão faz parte da vida cuiabana

    Sexta-Feira, 06 de Setembro de 2024, 21h27
  • Que texto lindo, me fez voltar no tempo, tantos bons momentos vividos ali, ponto de encontro dos amigos, final de comícios e reuníamos no Chopão. Como falar do Chopão sem lembrar de Paulo Ronan, Guaracy e tantos outros amigos queridos. Amei esta volta nas minhas memórias afetivas e preciosas com leveza. Obrigada.
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