Opinião Terça-Feira, 04 de Fevereiro de 2025, 13h:37 | Atualizado:

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Luciano Vacari

Taxa que eu taxo

 

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Definitivamente o Presidente Donald Trump voltou ao poder com sangue nos olhos. E isso tem se mostrado nas ações e métodos a que ele tem recorrido logo nos primeiros dias de seu mandato. Ameaças à China, Rússia, Brasil, México, Canadá, todos de uma só vez, isso sem falar das deportações, do abandono do Acordo de Paris e da Organização Mundial de Saúde. O que se vê é um novo arsenal de guerra, que não usa armas, mas a oratória e o poder econômico. 

Taxou o México e o Canadá em 25%, e como se não bastasse mandou um recado claro aos países do BRICS que, se por obra de Deus eles decidirem abandonar o dólar americano como moeda comercial, serão taxados em 100%. Pronto, começou o novo realinhamento da ordem mundial. O último foi após a 2ª guerra mundial. 

Por aqui, quando perguntado o Presidente Lula disse “se nos taxar, haverá reciprocidade”, quem diria hein, vivemos para ouvir o Brasil dizer isso aos Estados Unidos da América! 

Mas vamos lá, a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos transcende 200 anos, e no último ano terminamos empatados entre o que exportamos e o que importamos em 40 bilhões de dólares. Para a terra do Tio San enviamos petróleo bruto, ferro, aço e muito café torrado; ao passo que para cá mandaram basicamente tecnologia, maquinários principalmente. 

E o agro como fica? Aí é outra história. Os gringos assim como nós são grandes produtores de alimentos, fibras e energia, a diferença é que ao invés de exportar muito como o Brasil faz, ele consome. 

Mas vejam que engraçado, o mesmo Presidente Lula que respondeu de pronto ao colega americano que haveria resposta à taxação de produtos brasileiros, disse, praticamente no mesmo dia que, taxaria os alimentos nacionais para conter o aumento de preços e a inflação. É para acabar não? Alguém precisa dizer ao Presidente que o agronegócio nacional é literalmente a salvação da lavoura, ou melhor, a salvação do Brasil. 

Em 2024 o agro respondeu por 23% do produto interno bruto nacional, e se tivemos superávit, foi graças ao agronegócio, e só não colocou mais comida na mesa dos brasileiros porque faltou renda, faltou dinheiro ao cidadão para comprar a comida que produzimos aqui. A inflação nos últimos 12 meses foi de 4,83% de acordo com o IPCA, e é fato que os alimentos subiram 7,69% no mesmo período, de acordo com o IBGE. As razões para esse aumento, clima, desvalorização do real. 

Mas vamos voltar às taxações. Já vimos isso acontecer algum tempo atrás na vizinha Argentina, quando em 2014 a então Presidente Cristina Kirchner restringiu as exportações de carne bovina, milho e trigo na esperança de conter o avanço dos preços e garantir o abastecimento interno. Não funcionou e pior, desestruturou totalmente o setor produtivo de los hermanos que até hoje sofrem com tal medida. 

Sabem qual o problema? A turma que rodeia os palácios sempre procura a solução aparentemente mais fácil. Ao invés de taxar a produção, por que não incentivam a produção? Por que não reduzem o custo Brasil? 

Não é hora de medidas autoritárias e populistas como o taxa que eu taxo. É hora de gerar emprego e renda para garantir a comida na mesa do brasileiro, ou logo logo alguém vai ter a brilhante ideia de sugerir que o Presidente traga de volta as fiscais do Sarney, só falta essa. 

Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria. 





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