Com o rosto inchado e olhos roxos, o psicólogo Douglas Amorim, de 37 anos, usou o Instagram, nesta terça-feira (14), para denunciar que foi vítima de homofobia e agredido dentro da Nuun Garden, localizada na Rua 24 de Outubro, em Cuiabá, na madrugada do último domingo (12). Ele relata que foi espancado por dois homens dentro do banheiro da boate. Douglas contou que teve a cabeça batida contra o mármore e chegou a desmaiar, resultando num corte no supercílio que precisou de pontos.
Em seu depoimento para seus mais de 40 mil seguidores, o psicólogo afirmou que a Nuun Garden se recusou a liberar as imagens do dia do crime e acusa a boate de fazer vista grossa para o episódio de homofobia. Para ele, a sensação que fica é de medo da morte e de injustiça.
Conforme o profissional, ele foi à boate apenas duas vezes na vida e não conhecia o público do local. Disse que chegou ao estabelecimento por volta das 23h30 de sábado, acompanhado do marido.
Ficou em um camarote onde estava seu sobrinho. Ele se recorda que os outros camarotes estavam vazios até próximo da 1h da manhã, quando chegou um homem que passou a encará-lo.
"Não sabíamos se ele me conhecia da internet, se era um ex-namorado ou namorado ou marido de alguma paciente, ou se estava olhando de forma homofóbica, incomodado porque ao lado estava um casal demonstrando afeto. Em algum momento da noite, ele passou por Aloisio [companheiro de Douglas] e esbarrou nele. Aloisio não me contou isso no momento, só foi me contar muito tempo depois, achando que era apenas uma situação de festa e deixou para lá", falou.
No entanto, quando Douglas foi ao banheiro e utilizava o mictório, foi abordado pelo homem que o encarava.
"Quando estou no mictório, ele chega logo em seguida, perguntando: 'O que você tá olhando para mim?' Como naquele momento já tínhamos algumas informações sobre tê-lo visto nos olhando e esbarrado em Aloisio, e ele não parava de nos olhar com certo incômodo, eu falei: 'Você tá louco? Vai se foder, homofóbico do caralho'", emendou.
Após esse primeiro episódio, ele foi até seu companheiro contar o que tinha acontecido. Naquele momento, o agressor chegou ao camarote dele acompanhado de dois seguranças. "Ele disse alguma coisa para o segurança, mas não sabemos o que era, porque os seguranças não vieram até nós. Alguém do nosso grupo foi lá tentar intermediar a situação, mas parece que os ânimos se alcamram a partir dali e a festa continuou", lembrou.
Algumas horas depois, Douglas disse que foi ao banheiro com Aloisio pela última vez antes de ir embora. A partir daí, ele só se recorda de ter sido empurrado contra a parede por um golpe dado pelas costas.
"Fomos eu, Aloisio e um amigo, que ficou do lado de fora. Fui para o mictório e Aloisio foi para o espaço reservado do banheiro. Quando eu estava mijando em pé, senti duas mãos nas minhas costas e uma mão próxima à cabeça, na nuca, me empurrando contra o mármore que divide o mictório. Eu bati o meu rosto ali e essa é a última memória que eu tenho. Não vi ninguém se aproximar ou chegar atrás de mim. Eu bati o rosto, caí para trás e bati a cabeça na parede. Aloisio ouviu o barulho da queda e me encontrou com a testa sangrando e meio convulsionando. Nosso amigo entrou e os dois tentaram levantar a minha roupa porque eu caí com a calça abaixada. Eu fiquei desmaiado e não tenho memória do que aconteceu", contou ele.
Conforme Douglas, os seguranças foram até o banheiro nesse momento, mas apenas ficaram olhando e não prestaram socorro. Ele disse que a boate não tomou nenhuma atitude e não colaborou com ele no sentido de fornecer imagens para que o crime fosse apurado pela polícia. Segundo Douglas, um amigo dele disse que ouviu o agressor dizendo: "Esse viado vai aprender a respeitar homem".
"Não chamaram ambulância, não chamaram a polícia. Não impediram o criminoso de ir até o caixa fazer o pagamento e sair da boate. Em outros lugares que frequento, há um protocolo quando esse tipo de coisa acontece e ninguém sai até que seja resolvido. A boate não tomou nenhuma atitude. Após o acontecimento, não estão colaborando e se recusaram, em nome da gerente, a informar quem é o criminoso, além de manifestar a vontade de passar o nome dele. Eu não sei quem é essa pessoa, sei que estava lá. Se alguém conhece alguém que estava lá no dia 11 para o dia 12 ou tem fotos desse camarote, venha falar comigo. Eu gostaria de enfatizar o descaso da casa por não ter um protocolo para tratar um crime de homofobia. Ele poderia ter agredido a mim e ao Aloisio. Isso foi feito de forma covarde, enquanto eu estava no mictório, eu não pude me defender. Eu só fui saber o que estava acontecendo quando acordei no caminho para o hospital", destacou.
O psicólogo disse que uma pessoa entrou em contato com ele pelo Instagram para informar o nome do agressor. O boletim de ocorrência foi registrado nesta segunda-feira e o crime de homofobia segue sob investigação da Polícia Civil.
"Ontem foi quando registramos o boletim de ocorrência e o exame de corpo de delito, tentando de alguma forma que isso seja investigado. Vamos tentar, por vias legais, descobrir o nome do agressor e conseguir as imagens da casa. Mas também contamos com a ajuda das pessoas que estavam lá. Peço que entrem em contato de forma anônima. Eu não contei antes porque é exaustivo ficar repetindo a mesma história e eu e Aloisio estávamos em choque, tivemos crises de choro o dia todo. O medo realmente é da morte e essa sensação de injustiça. Essa sensação de que a casa facilitou a saída desse cara, que ele é conhecido, que ele pode ser filho de alguém poderoso, traz uma sensação muito ruim, porque nós somos. Não temos nenhum poder, apenas o de contar com os amigos para que esse vídeo se espalhe", finalizou.
Fernando
Quarta-Feira, 15 de Janeiro de 2025, 00h53Luis Fernando
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 19h32Daniel sartor
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 18h59Maria Auxiliadora
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 18h17Cuiabano
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 17h44Todees
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 16h44Narcisa
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 16h31Manuel
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 16h30César
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 16h27Cleriston Industriario
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 15h55Wanderley
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 15h44César Ribeiro
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 15h05LIBERAL
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 14h51MARIA TAQUARA
Terça-Feira, 14 de Janeiro de 2025, 14h47