A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) decidiu, por unanimidade, manter a prisão de Marllon da Silva Mesquita, que foi detido em 27 de novembro de 2024, durante as diligências da operação "Fair Play", da Polícia Civil. A decisão foi proferida no dia 4 de fevereiro.
A operação teve como um dos principais alvos Paulo Witer Faria Paelo, tesoureiro do Comando Vermelho em Mato Grosso. No habeas corpus cuja relatoria foi do desembargador Marcos Machado, a defesa argumentou que Marllon é pai de três filhos menores de 12 anos e quepai idoso dele, sofre de doença cardíaca.
Alegou a inexistência de provas que confirmassem que ele faz parte do Comando Vermelho. No entanto, Machado votou por negar o habeas corpus, destacando que, apesar das circunstâncias familiares, as graves acusações contra Marllon e a ausência de elementos que justificassem a soltura dele, a manutenção da prisão é necessária.
"No tocante às medidas cautelares alternativas, mostram-se insuficientes diante da brangência territorial do esquema ilícito [com aquisição de imóvel em outro Estado da Federação] e a movimentação de vultosa quantia de dinheiro, arrecadada com o tráfico de entorpecentes por meio de pessoas físicas e jurídicas, a reforçar necessidade de manutenção da custódia do paciente. Assim sendo, a substituição por medidas cautelares não se revela suficiente para acautelar a ordem pública. Com essas considerações, impetração conhecida em parte, mas ordem denegada", votou Machado, que teve voto seguido pelos demais desembargadores.
Conforme as informações do processo, Marllon, juntamente com Andrew Nickolas Marques dos Santos e Michael Richard da Silva Almeida, realizou diversos depósitos em dinheiro, oriundos de crimes cometidos pelo Comando Vermelho, no dia 17 de outubro de 2023, para a compra de um apartamento em Santa Catarina. O imóvel, avaliado em mais de R$ 1 milhão, está localizado em Itapema, em um condomínio de classe média.
A investigação demonstrou que o apartamento foi adquirido com recursos provenientes do tráfico de drogas, tendo como objetivo a lavagem de dinheiro da organização criminosa. Para efetuar o pagamento do imóvel, os investigados utilizaram uma tática conhecida como "smurfing", que consiste em fracionar pagamentos em valores menores para evitar a detecção pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).
Durante o cumprimento do mandado de prisão, Marllon quebrou seu próprio celular e o escondeu no ralo da lavanderia de seu apartamento, localizado no bairro Alvorada, em Cuiabá. Essa ação foi registrada durante as diligências. As equipes também apreenderam um Nissan Kicks e um Jeep Renegade na casa de Marllon. No porta-luvas do Jeep, foi encontrada a quantia de R$ 11.826,00.