Parte das imagens de câmeras de segurança da Nuun Garden, em Cuiabá, na madrugada do último domingo (12), dia em que o psicólogo Douglas Amorim, de 37 anos, denunciou ter sido vítima de homofobia e agressão dentro do banheiro do estabelecimento, veio à tona nesta quinta-feira (16). 

O agressor é Yuri Matheus Matos, de 28 anos, que alega ter "sido assediado" dentro do banheiro pelo psicólogo que teria tentando olhar o pênis dele no mictório. Momentos antes da agressão, Douglas aparece gesticulando e apontando para outro ambiente, sugerindo que se dirigia a Yuri. Depois disso, o psicólogo senta no sofá e balança a cabeça, aproveitando a festa. 

Alguns minutos depois, Douglas se levanta e vai ao banheiro. Yuri surge no vídeo logo em seguida, tira o relógio do pulso e o coloca em um balcão enquanto segue Douglas até o banheiro. Após isso, ele volta olhando para trás, e um homem vai atrás, apontando para ele. Douglas aparece sendo socorrido por amigos, por um bombeiro, um segurança também aparece na imagem. Douglas é colocado em um sofá, e o vídeo termina. Uma pessoa da equipe da Nuun também presta socorro.

Douglas Amorim já passou por exame de corpo de delito e prestou depoimento na manhã desta quinta-feira (16) na 2ª Delegacia de Polícia de Cuiabá. A Polícia Civil também já está com as imagens do interior da boate, que foram cedidas de forma voluntária pelo próprio estabelecimento.

Segundo a Polícia Civil, nos próximos dias será realizada a análise das imagens e o interrogatório de Yuri Matheus Matos. Também serão ouvidas testemunhas que estavam no local no momento dos fatos.

O CASO

Conforme a PJC, as investigações estão em andamento e, no momento, não serão fornecidos mais detalhes para não prejudicar o andamento da apuração. Douglas relatou que teve a cabeça batida contra o mármore do banheiro da boate e chegou a desmaiar, resultando em um corte no supercílio que precisou ser suturado. O profissional gravou um vídeo no Instagram na última terça-feira (14) para denunciar que foi vítima de homofobia e também registrou um boletim de ocorrência.

De acordo com o registro feito junto à Polícia Civil, a agressão ocorreu no banheiro. Segundo o boletim, Douglas foi avisado por mensagem de voz que o suspeito o teria acusado de assediá-lo no banheiro, mas ele só tomou conhecimento dessa acusação após a agressão.

 

Ele relatou que, quando estava prestes a ir embora da boate, foi ao banheiro acompanhado de seu companheiro e um amigo. Ele ficou próximo da entrada do banheiro, do lado de fora. O companheiro usou o box com privada, que possui porta, mas a deixou semiaberta, enquanto Douglas foi ao mictório.

Em determinado momento, Douglas disse que sentiu duas mãos, uma nas costas e outra na parte de trás da cabeça, e desmaiou em seguida. O marido ouviu uma frase que poderia ser algo como "Vou ensinar esse veado a respeitar homem", mas não chegou a ouvir barulho. Quando saiu, encontrou Douglas desmaiado no chão, com as calças para baixo e sangrando, tendo acreditado que ele poderia ter levado uma garrafada.

O amigo, que não havia ingerido bebida alcoólica, ouviu a queda de Douglas. Um bombeiro presente no local prestou socorro a ele. O companheiro da vítima viu, nesse momento, os seguranças que anteriormente conversavam com o suspeito apenas observando a situação, e aparentemente ninguém impediu a saída de Yuri da boate. Douglas recuperou a consciência enquanto aguardava o veículo do amigo do lado de fora.

Ele foi levado pelos amigos até a UPA do Verdão, aproximadamente às 05h57, e, além dos pontos no rosto, lesionou a região do tornozelo na queda, tendo feito um raio-X do local. O caso segue sob investigação por parte da Polícia Civil. Yuri divulgou uma nota alegando que teria sido assediado. 

Após Douglas Amorim denunciar que foi vítima de homofobia e agredido dentro da Nuun Garden e acusar a boate de não tomar nenhuma providência durante o episódio, nem mesmo acionar uma ambulância para ajudá-lo, a casa noturna também divulgou uma nota repudiando a violência. Também afirmou que está à disposição das autoridades para que sejam apuradas as responsabilidades dos envolvidos.

Depois da grande repercussão do caso, veio à tona um boletim de ocorrência contra Yuri Matheus, registrado em 2022. Na época, ele foi preso por ameaçar e praticar racismo contra um bombeiro militar, também na Nuun Garden.