O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Eduardo Botelho (UB), criticou a decisão do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), em proibir a distribuição de marmitas no centro da cidade. O anúncio foi feito na última semana e gerou uma onda de debates e críticas.

A medida, segundo a gestão municipal, tem como objetivo organizar o espaço público e evitar problemas relacionados à segurança e à limpeza. Nesta quarta-feira (22) Botelho classificou a ação como contrária aos valores cristãos e à segurança alimentar.

“Alimentação é sagrada. Acho que precisa criar um local específico, mas não vejo como positivo cortar a alimentação. Claro que distribuir marmita do jeito que está não dá. É preciso criar um lugar próprio para isso. Parar de alimentar, dizer que não pode mais dar comida para um morador de rua, não vejo como uma atitude cristã”, afirmou.

A proibição, implementada pela prefeitura, tem gerado polêmica entre organizações da sociedade civil e grupos religiosos que realizam ações de solidariedade no centro da Capital. Além disso, o padre Júlio Lancellotti, conhecido por sua atuação em causas sociais e defesa dos direitos humanos, especialmente em favor de pessoas em situação de rua, migrantes, dependentes químicos e outras populações marginalizada, lamentou. 

Júlio Lancellotti exerce a função de pároco da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo. Frequentemente denuncia práticas de "higienização social" promovidas pelo poder público, como remoções forçadas de moradores de rua e ações repressivas realizadas pela Guarda Civil Metropolitana de São Paulo.

Botelho defendeu ainda um “ponto de equilíbrio” entre organização urbana e assistência social. “Ficar lá no centro distribuindo do jeito que está não dá, tem que criar um lugar próprio para isso. Agora, parar de dar comida para eles, parar de alimentar, não vejo isso como uma atitude até cristã. A questão da segurança alimentar deve ser tratada com sensibilidade. É necessário buscar um ponto de equilíbrio que permita a assistência sem comprometer a organização”, sugeriu.