O ex-governador Pedro Taques (SD) não concorda com a frase "bandido bom é bandido morto" e propôs reflexão a respeito do tema segurança pública em Mato Grosso. Em sua visão, não adianta o Governo do Estado apenas investir em equipamentos, clamar por penas mais duras e não fazer o dever de casa, que é promover políticas públicas.

"Ah, mas bandido bom é bandido morto, todos já ouvimos essa frase. Agora, e se for com seu parente? Nós vivemos em um Estado Democrático de Direito, as pessoas têm que ser presas, investigação ser bem feita e o cidadão condenado, cumprir sua pena até o final. Tá baixa a pena? Aumenta a pena, mas não só isso, daqui a pouco teremos pena de 100 anos e não vai resolver nada", avaliou Taques, durante entrevista à Rádio Cultura FM, na última sexta-feira (13).

Ele ainda citou como exemplo o muncípio de Sorriso (420 km de Cuiabá) que tem sido chamado de a "cidade das facções", figurando, atualmente, como a quarta cidade mais violenta do país conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em julho deste ano. Além disso, Sorriso lidera a lista de municípios com a maior taxa de estupro e estupro de vulnerável do país. Pedro Taques relembrou o caso onde uma mãe e suas três filhas foram estupradas e mortas dentro de casa por um pedreiro em novembro de 2023, na cidade. 

"A ofensa contra a dignidade sexual é muito grave, agora aquele de Sorriso, por exemplo, tinha mandado de prisão em aberto porque que não foi preso antes? Não estou justificando, é gravíssimo o crime de estupro, ele viola a mulher na sua intimidade. Agora aumentaram a pena para feminicídio em 40 anos, defendo penas maiores. Mais do que isso, precisamos de políticas públicas", apontou.

O brutal assassinato gerou comoção em toda a sociedade civil e política de Mato Grosso. À época, diversas autoridades manifestaram pesar nas redes sociais e cobraram do Congresso Nacional penais mais duras contra crimes hediondos contra mulheres e crianças. Na opinião de Taques, algumas falas são politiqueiras e demagogas.

"Aqueles que são politiqueiros, demagogos só falam em aumentar pena e matar bandido, não é essa a construção em um Estado Democrático de Direito, bandido não pode  ser tratado com flores, isso é fato, mas não pode ter essa conversa de bandido bom é bandido morto. Sou contrário a isso, sou democrata", disse o ex-gestor, cujo governo ficou marcado pelo escândalo do esquema de grampos telefônicos clandestinos, que monitava ilegalmente seus adversários políticos.

Por fim, o ex-chefe do Palácio Paiaguás disse que não se pode voltar ao tempo da "Lei do Talião", base do Código de Hamurabi, que determinava que a punição seria proporcional ao crime cometido. "Algo precisa ser feito aqui na segurança, bandido bom é bandido preso. O juiz é que tem que condenar, é assim nas sociedade civilizadas. Senão, voltaremos à barbárie, à Idade Média. Olho por olho iremos acabar todos cegos", finalizou.