O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, determinou a acareação entre duas testemunhas de um processo que apura um esquema de “rachadinha” em exames médicos no Detran. Uma delas é o ex-prefeito de Várzea Grande, na região metropolitana da Capital, Walace Guimarães (MDB), que tenta nesta eleição reiniciar na política como candidato a vereador.

De acordo com uma decisão publicada nesta sexta-feira (13), o juiz intimou Wallace Guimarães e Fernando Martins Lopes para uma acareação que deverá ser realizada no dia 27 de novembro de 2024, atendendo a um pedido do Ministério Público do Estado (MPMT). “O Ministério Público pugnou pela acareação das testemunhas Fernando Martins Lopes e Walace Santos Guimarães, devido a divergências dos depoimentos testemunhais. Ante a manifestação Ministerial, tendo em vista a possível contrariedade e contradição nos depoimentos prestados pelas testemunhas Fernando Martins Lopes e Walace Santos Guimarães, defiro o pedido de acareação formulado e redesigno esta solenidade para o dia 27/11/2024, às 13h, horário de Mato Grosso”, determinou o magistrado.

Não há detalhes sobre a contradição apontada pelo MPMT no depoimento do ex-prefeito de Várzea Grande, nem sua relação com o esquema. Conforme a denúncia, o médico Napoleão João da Silva, credenciado junto ao Detran e dono da Perimetran Perícias Médicas de Trânsito, exigia 50% do pagamento de outros médicos que quisessem fazer parte da escala de atendimentos de exames para obtenção da CNH.

Ao menos três médicos denunciaram que eram “forçados” a se associar a Perimetran Perícias se quisessem fazer os exames, tendo em vista que a organização era a responsável pela “distribuição” dessas consultas aos profissionais de saúde. “A realização dos exames de aptidão física e mental para habilitação em Cuiabá e Várzea Grande eram realizados na sede do Detran e a distribuição dos exames entre os médicos era organizada pela empresa Perimetran Perícias Médicas de Trânsito, diferentemente das cidades no interior do Estado de Mato Grosso, em que estes eram realizados nos consultórios particulares dos médicos e a distribuição automatizada”, diz a denúncia.

Ainda segundo as investigações, os médicos tinham a “opção” de escolher entre duas formas de “rachadinha” - devolver 50% do salário por 12 meses ou 100% dele no período de 6 meses.

Wallace Guimarães ficou só dois anos no cargo, entre 2013 e 2015, quando foi cassado por Caixa 2 nas eleições de 2012.