O governador Mauro Mendes (UB) rechaçou qualquer tipo de retaliação contra o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), ao ser questionado a respeito das duas novas operações da Polícia Civil deflagradas na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá nos últimos dias. Em coletiva de imprensa, realizada nesta quarta-feira (18), o gestor estadual disse que imaginar uso da máquina pública é "absurdo" e desrespeito a seriedade institucional. 

Em quatro dias, a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) deflagrou duas operações contra a Prefeitura da Capital, que acumula 23 em quase oito anos de gestão 'humanizada', sendo a 18 somente na Pasta da Saúde. A Operação Oráculo foi deflagrada na última sexta-feira (13).

Já a Operação Athena ocorreu na terça-feira (18). "Falar disso é chover no molhado. Parece até normal que ninguém nem liga mais. A esculhambação virou tanta nessa área. É triste falar assim. É vergonhoso falar que tem 22 operações numa prefeitura, numa Capital, num estado igual a Mato Grosso. Eu, não só como governador, mas como cidadão, morro de vergonha quando alguém me pergunta sobre isso. Agora, quem tem que estar com vergonha e agir é que tem um dever de agir e que tem que fazer", disparou o governador. 

A Operação Oráculo foi desencadeada ainda em 2023 quando o Gabinete de Intervenção comunicou a existência de pagamentos suspeitos, feitos em setembro de dezembro de 2022, pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública com suposta contratação de serviços de consultoria de tecnologia da informação. O principal alvo foi o secretário-adjunto de Atenção Hospitalar e Complexo Regulador, Paulo Rós.

Ao longo da investigação, diversas diligências indicaram que a ECSP realizou dois processos de pagamento, sem licitação, com a finalidade simular a contratação de uma empresa de consultoria de tecnologia de informação que, ao que tudo indica, não prestou os serviços devidos, embora tenha recebido, à época, R$ 663,5 mil, em dois pagamentos. Já a Operação Athena desmantelou um desvio, revelou que a empresa Lume Divinum é suspeita de prejuízos de R$ 3,9 milhões aos cofres públicos municipais por meio de pagamentos irregulares de serviços de monitoramento de câmeras de vigilância em unidades de saúde públicas de Cuiabá.

A empresa ainda funcionava numa “quitinete” na Capital.  Questionado sobre possíveis retaliações contra o atual prefeito por ter atacado o candidato a prefeito Eduardo Botelho (UB), que é apoiado por Mendes, o governador rechaçou completamente a hipótese. "Para gente, para. Vocês acham que a polícia é tão irresponsável assim? É desrespeitar a polícia, é desrespeitar o Ministério Público Estadual, Federal, alguém que diz isso ou pensa isso. A prefeitura tem como grandes marcas a desonestidade e a corrupção", declarou o gestor estadual.