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Quarta-Feira, 02 de Abril de 2014, 03h32

Líbano aprova lei contra violência doméstica

Terra

O parlamento do Líbano aprovou nesta terça-feira uma lei que criminaliza a violência doméstica, após anos de luta de grupos civis do país árabe.

Muitos setores da sociedade libanesa encaram a violência contra mulheres e crianças como uma prática aceitável social e politicamente.

A organização internacional Human Rights Watch (HRW) descreve o texto como \"histórico\", mas aponta falhas que não garantem total proteção às mulheres.

A organização libanesa de luta pelo direito das mulheres Kafa criticou o formato atual da lei. Segundo a Kafa, a lei não garante proteção às mulheres e utiliza termos religiosos.

\"É um grande passo em direção à proteção das mulheres, temos que nos orgulhar\", disse à AFP o deputado Ghassan Mkhayber, que teve um papel-chave na aprovação da lei. \"Agora temos uma lei que oferece abrigo efetivo às mulheres\".

\"Não é o texto ideal, mas é um primeiro passo\", afirmou Mkhayber, ressaltando que agora é preciso reforçar a nova lei.

O texto foi aprovado após uma campanha massiva organizada pela Kafa, que espalhou dezenas de cartazes com fotos de mulheres espancadas por Beirute por ocasião do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.

A campanha foi lançada depois que várias mulheres morreram espancadas por seus maridos.

Para Faten Abu Shakra, uma das líderes da campanha organizada pela Kafa, a lei \"não focaliza especialmente nas mulheres\". Ela critica o uso de termos religiosos na lei que, na sua opinião, falha ao não definir o estupro dentro do casamento como crime.

O texto criminaliza \"danos\", incluindo \"espancamentos\" e \"ameaças\" para forçar o ato sexual, mas o termo \"direito conjugal\" é usado sem que haja uma menção a consentimento.

De acordo com o deputado Mkhayber, o termo foi usado para agradar o poderoso clero libanês, tradicional opositor à lei.

Rothna Begum, da HRW, afirma que a lei é \"um passo positivo em direção à proteção das mulheres contra a violência doméstica\". \"O texto inclui passos positivos, como a concessão de ordens de restrição contra agressores e acomodação temporária para as sobreviventes de abuso\", comemora Begum.

A lei também nomeia um promotor de justiça para cada um dos seis estados do Líbano encarregado de investigar queixas e casos de violência. \"Além disso, estabelece a criação de unidades específicas de violência familiar para ajudar a polícia a processar as queixas\", explica a HRW.

A organização internacional lembra, contudo, que o Parlamento deve procurar revisar a lei imediatamente, \"caso queira garantir proteção completa às mulheres contra a violência doméstica, incluindo o estupro dentro do casamento\".

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