Opinião

Terça-Feira, 29 de Abril de 2014, 09h37

Eduardo Póvoas

A época de tudo

Eduardo Póvoas

 

Nesta terra de Rondon tudo se dá em época certa. Tem época certa para pequi, para mangas, para cajus e ultimamente se tem também época certa para alguns jornalistas idiotas que a gente nunca percebeu que andam por aqui, mas que privilegiadamente ocupam espaço em mídias nacionais. 

Caolhos ou caolhas escrevem o que o teclado manda, sem conhecer as situações históricas e geográficas da capital de Mato Grosso. 

Com tapa de sola na vista, este insignificante número de profissionais pertencentes ao baixo clero da categoria, pois os melhores já se redimiram, tem a certeza absoluta de que jamais terão outra oportunidade na sua empresa após a Copa do Mundo, aproveitam a oportunidade para virar suas metralhadoras e descer o pau na menor e mais fraca sede do campeonato. Acham que por aqui só tem sangue de barata. 

Ainda bem que essa categoria é composta de excelentes profissionais, e que nunca neguei ser um admirador da classe. 

Imaginem um profissional do eixo Rio-São Paulo aconselhando as pessoas que para Cuiabá virão a tomar cuidado com suas carteiras quando forem visitar o centro geodésico da América do Sul, no Campo D’Ourique. Imagine quem lê uma sórdida matéria destas e que nunca veio por estas bandas o que pensará da nossa cidade... 

É fácil deduzir. Os de São Paulo pensarão que nosso Campo D’Ourique é muito pior que a Praça da Sé, que a rua 25 de Março, que é muito pior que o cruzamento da São João com a Ipiranga, que é muito pior que a saída do estádio do Morumbi ou o Bairro de Itaquera. Assaltos e mortes por estes locais, não são registrados desde a infância de d. Pedro. 

Os do Rio de Janeiro quando lerem a matéria do determinado canal de comunicação, sentado em um banco da Central do Brasil, só com “anjos” e “arcanjos” por todos os lados, terão a sensação de estar no purgatório esperando a chamada de São Pedro para adentrar o céu. 

Os que estiverem na praia de Copacabana e ao se deparar com uma corrida de jovens pela areia afora não devem se preocupar porque não é arrastão e sim distribuição de ticket alimentação. 

Outros que pensam em visitar a Rocinha, ao ouvirem estampidos de todos os lados, não se apavorem, pois é uma saudação nova inventada pelos traficantes saudando-os e que funcionará só até o final da Copa. Após a Copa, o pau quebra pra valer. 

Se for à Praça Mauá tomar uma barca para a região dos lagos ou para Niterói, não há nenhuma necessidade de deixar em casa seu cordão de ouro ou sua carteira de dinheiro, os assaltantes a confiscam na ida e te devolvem na volta. 

Nada do que acabaram de ler é pior que o nosso Campo D’Ourique. Tudo que a televisão mostra é “invenção”, pois o grande perigo do país é Cuiabá e o Campo D’Ourique. Quanta maldade! 

Minha intenção neste artigo é simplesmente solicitar aos proprietários dos grandes veículos de comunicação do país que enviem para cá jornalistas preparados e imparciais para mostrar ao Brasil e ao mundo nossas deficiências, sim, porém com sentido de responsabilidade e respeito a uma cidade que até 1970 vivia no ostracismo nacional, e que hoje incomoda grande parte da população desinformada, tapada e que detesta esta parte do território nacional. 

EDUARDO PÓVOAS, pós-graduado pele UFRJ 

 

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