Segunda-Feira, 10 de Fevereiro de 2025, 13h18
Wilson Carlos Soares Fuáh
Estádio Eurico Gaspar Dutra
Wilson Carlos Soares Fuáh
O velho estádio Presidente Eurico Gaspar Dutra, era considerado a redenção do futebol cuiabano, e o Presidente da República do Brasil que em 1.950 construiu e inaugurou o Estádio do Maracanã, também quis dar um presente para a sua terra natal, e destinou recursos financeiros para a construção do estádio que leva o seu nome: ESTÁDIO EURICO GASPAR DUTRA.
Nos anos 60 e 70, nas tardes de domingo o Estádio Eurico Gaspar Dutra era o ponto de encontro dos torcedores cuiabanos, era o templo do futebol em Cuiabá antes do advento da construção do Verdão, e os dirigentes eram amadores, mas extremamente apaixonados, honestos e sempre respeitando as tradições das suas agremiações.
E, para homenageá-los, vamos citar apenas os principais: pelo Dom Bosco faz nos lembrar do eterno Presidente Joaquim de Assis; pelo Mixto - lembramo-nos do grande e inesquecível Professor Ranulfo Paes de Barros e pelo lado do Operário o Comendador Rubens dos Santos. Cada um na sua forma de administrar e de envolver com o clube e com a cidade, cada um ao seu jeito carregaram essas agremiações nas costas, mas deixaram suas contribuições para a história do futebol de Cuiabá.
Nesta pequena história do Futebol Mato-Grossense, procuramos registrar alguns passagens importantes dos anos 60/70, onde cada Clube produzia uma forma de emoção e faziam com os torcedores apaixonassem cada vez mais por tudo que relacionava com o seu clube, e a rotina não ficava só dentro das quatro linhas, pois envolvia o mundo do misticismo, e nas proximidades dos clássicos, cada clube tinha o seu Pai de Santo: o Operário mandava buscar o Carrapato em Corumbá, e ele fazia aquelas oferendas de terreiros para derrotar os adversários, e no Mixto para não ficar para trás contratava o reforço espiritual do Pai de Santo Noêmio, que também fazia as suas mandingas e colocando as oferendas para fazer o seu time vencer e para prejudicar os adversários colocava os nomes de jogadores na boca de sapo, costurando-os e fincando alfinetes no corpo do animal para que os jogadores adversários contundissem; era o mundo místico e envolvente do futebol cuiabano.
O futebol não vive sem os torcedores e que produz a festa das arquibancadas, e os clubes vivem das emoções dos torcedores e por isso, não podemos esquecer-nos dos grandes torcedores, que agitavam as bandeiras nas arquibancadas do Estádio Presidente Dutra, eles faziam parte do espetáculo e davam vida ao nosso futebol. Pelo lado do Dom Bosco também tinha como os seus grandes torcedores: Armindo Pipoqueiro; Henrique Palminha, Carlinhos Iéié, e lá no último degrau da arquibancada do Dutra, víamos o famoso Professor João Crisóstomo andando nervosamente de um lado para o outro, suspendendo as calças e penteando os cabelos respirando fundo, e não podemos esquecer também do Mexidinha, os torcedores diziam para ele assim: “mexe ai mexidinha, e ele mexia o corpo inteiro”, e pelo Mixto tinha a torcedora símbolo - Nhá Babina, com as suas bandeiras e os gritos de guerra e pelo lado do Operário tinha o torcedor Jamil Zarour que inclusive colocou o apelido de Chicote da Fronteira, porque Várzea Grande conhecida com fronteira e ele levava um chicote transado de nas cores – vermelho, branco e verde, que era as cores do tricolor da fronteira.
E não poderia faltar a lembrança dos grandes narradores que eram os maiores incentivadores do futebol cuiabano e fazem parte da História do Estádio Presidente Dutra.
Esses narradores cuiabanos tinham como escola os grandes narradores, do eixo Rio/São Paulo, o Ivo de Almeida seguia a linha de Jorge Cury, (Radio Globo/RIO e Tupi/RIO). Jota Marcio – era conhecido como o mais novo da nova geração, imitava José Carlos Araújo da Rádio Globo/RJ, era formado em Ciências Contábil, trabalhou muito tempo como contador no Dermat, hoje Sinfra. O Márcio de Arruda imitava o Fiori Giglioti, da Rádio Bandeirantes de São Paulo, sempre que iniciava a narração e dizia assim, “abrem-se as cortinas e começa o espetáculo torcedor cuiabano”, e narrava assim: lá vai Fuá, ele pisa na bola, ele prende a bola, ele gooooooooooosta da bola torcida Mato-grossense. Ele era funcionário da SEFAZ.
E entre eles o Ivo de Almeida era o que mais destacou, ele não era uma pessoa, ele era uma entidade, era o melhor de todos, era uma figura emblemática, tinha uma grande costeleta que o identificava de longe, era um ídolo da radiofonia cuiabana e os torcedores ficavam com um olho no campo de jogo e outro na cabine para ver o show de transmissão.
Eu, era um pequeno guri cuiabano amante do futebol, dos 12 aos 16 anos, nas tardes de domingo, saía da Av. Coronel Escolástico e seguia até o Estádio Presidente Dutra, (à pé), e ficava maravilhado com tudo aquilo que representava a festa do futebol cuiabano no Estádio Presidente Dutra, e meus pensamentos voavam pelos sentimentos de um dia me tornar um jogador de futebol.
No ano de 1.970, com os meus 17 anos, tive o prazer e a emoção de fazer a minha primeira partida de futebol, jogando o Torneio Início do Departamento Autônomo de Futebol Amador no Estádio Presidente Dutra, o meu time tinha Sede na Av. Coronel Escolástico, o antigo Novo Mato Grosso e fomos campeões.
E depois, e após um ano de futebol amador, fui contratado pelo Mixto, onde tive em minha casa a presença ilustres, do Prof. Ranulfo, Coronel Torquato e o Gerente Henrique Gore, para assinatura do contrato, na qual fui representado pelo Adv. Alair Fernandes, mas infeliz minha carreira foi encerrada em dois anos, por problemas pessoais e físicos, mas eu posso dizer com orgulho: eu faço parte da história do Estádio Presidente Eurico Gaspar Dutra.
O que posso guardar, são apenas as saudades das tardes de domingo no Estádio Eurico Gaspar Dutra: belos sonhos e belos dias que ficaram na minha história.
Econ. Wilson Carlos Soares Fuáh – É Especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.
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