O deputado estadual Valdir Barranco (PT) fez duras críticas ao atraso nas obras do BRT (Ônibus de Transporte Rápido) em Cuiabá e Várzea Grande. Ele classificou, nesta segunda-feira (3), a troca do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) pelo novo modal como um erro e responsabilizou o Governo Estadual além da própria Assembleia Legislativa pelo que considera um retrocesso no transporte público da capital.

As obras do BRT, que deveriam ter avançado conforme o cronograma, seguem em ritmo lento, gerando transtornos à população e incerteza sobre sua conclusão. O governador Mauro Mendes (UB) ainda analisa medidas para acelerar a execução do projeto. Um rompimento de contrato, ainda que penoso, não é descartado.

"Eu sempre me posicionei contrário à mudança de modal. Não dá para admitir que, em pleno século XXI, lá em 2019, 2020, quando começou-se a discutir isso, nós fôssemos dar um cavalo de pau e retroagir. Nós fomos medievais aqui no Estado, porque nenhum lugar do mundo troca VLT por ônibus, e aqui é exatamente isso que aconteceu", criticou Barranco.

O parlamentar relembrou que promoveu uma audiência pública em 2021 para debater o tema, mas, segundo ele, não houve o devido engajamento da Assembleia Legislativa para impedir a mudança do modal. Ele destacou que a Casa de Leis tem responsabilidade no que ocorre atualmente com o BRT e lamentou a situação de paralisação das obras.

"A Assembleia Legislativa tem total responsabilidade com o que aconteceu com o BRT, inclusive, porque nós não poderíamos, depois de tantos investimentos, já termos os vagões aí, boa parte da infraestrutura construída, abrir mão para voltarmos atrás e colocarmos ônibus novamente para a população. Agora o governador não dá conta de construir e não vai dar conta de entregar. Cuiabá está um caos absoluto nesse momento por conta disso", disparou.

Barranco também questionou os próximos passos do governo estadual diante do impasse e criticou a falta de planejamento para a troca do modal. "Agora vão defender a tese de que vão romper com o BRT, com todas as obras prontas, com a cidade toda revirada? É inadmissível, né? Foi um erro depender de RDCI sem o projeto executivo pronto. Foi um erro trocar o modal. Nós não poderíamos ter trocado", pontuou.

O deputado também destacou que o VLT, abandonado em Mato Grosso, será implementado na Bahia, o que, segundo ele, reforça o equívoco da mudança de modal em Cuiabá. "Agora, quem vai surfar nisso é a Bahia, porque o governo da Bahia adquiriu os vagões. E a Bahia, que já tem metrô instalado, agora também vai ter VLT. Quem anda pela Europa sabe a diferença que é. Mesmo no Brasil, alguns estados já têm, como no Nordeste e no Rio de Janeiro. Enfim, acho que foi um grande erro e com grande participação, culpa e pecado da Assembleia Legislativa", concluiu.