Economia Quarta-Feira, 24 de Julho de 2024, 17h:41 | Atualizado:

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INCÊNDIO EM SHOPPING

Comerciantes retomam vendas em calçadas em Cuiabá

 

GAZETA DIGITAL

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Distante poucos metros dos escombros do edifício onde ficava o Shopping Popular, que foi completamente consumido pelas chamas há uma semana, dezenas de comerciantes, lojistas e funcionários recomeçam do zero seus negócios com o pouco que conseguiram em mercadorias por meio de encomendas que já estavam programadas, fornecedores sensibilizados ou até mesmo doações de parceiros.

Por iniciativa própria, ainda na última sexta-feira (19), alguns deles decidiram se instalar nas calçadas da redondeza e logo outros seguiram o movimento. Ocupando calçada e meia pista da Avenida Carmindo de Campos na lateral do complexo Dom Aquino, até o momento cerca de 50 barraquinhas estão montadas e outras sendo alocadas provisoriamente aos moldes dos antigos camelôs de rua tal qual eram nos anos 90.

A reportagem do  esteve no local e foi abordada espontaneamente por alguns deles, ainda abalados com a situação enfrentada há poucos dias. São trabalhadores, patrões, familiares e amigos que atuam em conjunto na luta pela sobrevivência e seu sustento.

Muitos relataram que não tinham condições de esperar de braços cruzados as definições por parte do poder público frente a discussão de medidas a serem tomadas para auxílio financeiro, bem como uma resposta concreta ao local temporário onde seriam realocados até a construção do novo espaço, que também tem sido alvo de constantes debates em relação ao seu custeio.

Debaixo do sol com sensação térmica de 40ºC, trabalhadores colocaram os produtos dispostos em mesas de plástico sob o asfalto, cobertas com tendas infláveis emprestadas por motoclubes e barracas de lona doadas por empresas e pessoas sensibilizadas. 

Os lojistas tentam se organizar como podem no espaço, formando corredores de bancas lado a lado na tentativa de atrair a clientela que passa pela região. Há quem passe no local para comprar itens no intuito de colaborar com o recomeço e dar apoio aos pequenos empreendedores. É o que narra a trabalhadora Leonora Silva, 37, que desde os 14 anos trabalha no Shopping Popular. Com atuação na venda de eletrônicos, ela conta que está no local desde sexta-feira passada.

“Não tem como a gente ficar parado, esperando. Nossa vida estava lá, todos os recursos estavam lá, tem que vir, tem que vender, tem que bater em cima porque a gente está trabalhando honestamente. É bem difícil, mas Deus está conosco e não pode desistir. Tem que correr atrás”, defende. 

Quem também se instalou há poucos dias, mas atuava há anos no Shopping era a comerciante Camila dos Santos, 28. Juntamente da mãe, da irmã, funcionários e parceiros de outra banca de assistência técnica de celular, o grupo uniu forças em busca de um recomeço.

Tudo começou há 9 anos com a primeira banca da mãe de Camila e aos poucos com muito trabalho foram abrindo as demais. Das 4 lojas que tinham, hoje buscam se reerguer com uma mesa e alguns produtos de reposição que chegaram dias após o incidente, o que foi a “tábua de salvação”.

“Fomos acordados de madrugada com a notícia. Achávamos que estava pegando fogo só na metade do camelô, haviam dito pra gente que o final [do prédio] não havia queimado. Saímos 3h20 achando que íamos salvar a minha loja para recomeçar juntos. No caminho recebi ligação de uma colega que já estava tudo no chão. Foi muita luta, estava com bastante mercadoria, trabalhava com varejo e atacado pois outros compravam da gente para revender”, relembra com um nó na garganta enquanto narra.

“Foi um baque muito forte, ficamos sem rumo nos primeiros dias, até que o pessoal começou a vir pra cá. Estávamos parados esperando a ficha cair sobre como seria e resolvemos reagir. No sábado vimos o que tinha em casa e começamos aqui ontem, Graças a Deus temos um pouco de mercadoria”, acrescenta. 

Mesmo quem atuava há pouco tempo no local também teve a vida impactada. A jovem Luana Cristina de Souza, 21, está em Cuiabá há apenas duas semanas. Vinda de Praia Grande (SP), chegou em Cuiabá em busca de trabalho para conquistar seu sustento e realizar seu sonho de adquirir uma moto.

Dias antes do incêndio conseguiu emprego de vendedora em uma banca que comercializava mochilas e brinquedos no Shopping Popular. Com menos de uma semana no novo emprego e na nova cidade que pouco conhece e não tem familiares, Luana soube do incêndio e se viu sem chão.

“Me falaram por ligação, quando eu soube não acreditei. Fazia apenas uma semana. Eu peguei muito amor por todos lá dentro, fiz várias amigas. [...] Fiquei com medo de ficar desempregada. A sorte foi que chegou um caminhão com estoque chegou dias depois, mas a perda foi muito grande no valor entre brinquedos e malas”.

Apesar do pouco tempo na cidade, já se sente parte da “família popular”, como muitos chamam entre si. Desde então Luana tem recebido apoio da patroa e de colegas que conheceu enquanto trabalhava no antigo espaço. Com o pouco que possuem ainda, a meta agora é vender a mercadoria que chegou nos dias seguintes.

Quem passa pela Avenida Carmindo de Campos precisa reduzir a velocidade e ficar atento à sinalização no local com cones e faixas amarelas em meia pista que indicam a delimitação de espaço entre as bancas e a parte da via onde o fluxo de trânsito segue.

A avenida Tenente Coronel Duarte está com a pista sentido centro interditada, mas neste caso de forma total. O bloqueio foi feito para evitar que pessoas adentrassem no espaço onde o prédio foi destruído pelo fogo, mas também para evitar que carros passem sob o risco de desabamento no local.

Enquanto uma decisão sobre o local provisório onde os comerciantes serão alocados não é definida, o espaço dos banheiros e bebedouros no complexo tem sido utilizado de suporte. Apesar da estrutura precária, calor intenso e dificuldades nas vendas já que parte da população ainda não sabe que estão no local, muitos dos comerciantes descrevem sentimento de otimismo, força de vontade e persistência.





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Comentários (4)

  • TODOS

    Quinta-Feira, 25 de Julho de 2024, 10h23
  • CADE ELES OS POLITICOS QUE FALARAM QUE AJUDARIAM??????
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  • Marcelo

    Quinta-Feira, 25 de Julho de 2024, 09h18
  • Virou bagunça de novo...eu também vou colocar uma baraca lá.. sou igual eles...tenho mesmo direito.
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  • TAKUNARACA

    Quinta-Feira, 25 de Julho de 2024, 08h48
  • 100% dessa turma aí são cidadão de bem, evanjegues e patriotários, e fanáticos pelo idiota do bozonaro, todos ali querem acabar com auxilio do GOVERNO para com o povo, todos, e o lema deles era menos Estado e mais a iniciativa privada, inclusive tinha uns evanjegues que queriam que acabasse com o governo, agora, olhem aí, o que é a espetacular INICIATIVA PRIVADA, estão querendo que o GOVERNO OS SOCORRAM, rapaz, já que vcs não são os fodões, os que pagam os salários dos servidores públicos, os que carregam o pais nas costas, se virem.
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  • TODOS

    Quinta-Feira, 25 de Julho de 2024, 08h38
  • CADE OS POLITICOS QUE FALARAM. QUE IRIAM AJUDAR?????
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