Economia

Domingo, 19 de Janeiro de 2025, 13h45

QUÍMICOS

Gigante do agro obtém licença para produzir agrotóxico em MT

Grupo Amaggi informa que produzirá "bioinsumos" em Cuiabá

GUILHERME AMADO E CLAUDIA DE JESUS

PlatôBR

 

A Agropecuária Maggi (Amaggi) recebeu do governo de Mato Grosso, em 30 de dezembro de 2024, uma licença de operação para produzir agrotóxicos em sua planta em Cuiabá, capital do estado e portão de entrada do Pantanal. A capacidade de produção será de 283.335 litros por mês.

A autorização foi para operar no Distrito Industrial de Cuiabá. O Pantanal é um ecossistema extremamente sensível, repleto de planícies alagadas e de grande diversidade de fauna e flora. O documento da licença de operação descreve a atividade como fabricação de defensivos agrícolas, mas sem especificar quais seriam os produtos nem seus princípios ativos. Já o parecer técnico confirma tratar-se de atividade de uma “biofábrica” envolvendo defensivos agrícolas, “químicos e biológicos".

A Amaggi informou à coluna que recebeu autorização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso após um pedido de licenciamento apresentado em outubro de 2022. Além de ser o portão de entrada do bioma Pantanal, Cuiabá também é conhecida como a capital do agronegócio. A região abriga grandes cultivos de soja, uma cultura intensiva que usa em larga escala agrotóxicos — ou, como prefere o agronegócio, defensivos agrícola. A legislação brasileira usa o termo agrotóxico.

Todos os defensivos são em algum grau tóxicos à saúde humana e ao meio ambiente, especialmente em uma região tão sensível quanto o Pantanal. Segundo a empresa, a fábrica produzirá “bioinsumos” a partir de organismos vivos, como fungos e bactérias, com o objetivo de controlar doenças e pragas que comprometem as lavouras, “além de potencializar a eficiência da absorção de nutrientes pelas plantas”.

"Assim, contribuiriam para a redução do uso de fertilizantes químicos e defensivos agrícolas, mitigando a emissão de poluentes e “promovendo uma agricultura mais equilibrada, sustentável e responsável”, afirmou a Amaggi em nota.

Mas não só o documento da licença de operação descreve a atividade como fabricação de defensivos agrícolas. Na descrição do cartão do CNPJ da empresa, consta a mesma informação. Além de não esclarecer quais produtos serão fabricados, a Amaggi não disse em qual cultura o produto será usado nem qual o seu princípio ativo.

A Amaggi havia obtido em 2023 uma licença prévia com validade até 2027 para fabricação de defensivos agrícolas para o cultivo de soja na cidade de Sapezal, mas a licença foi cancelada por falhas na elaboração. O estado de Mato Grosso é o maior produtor mundial de soja, uma cultura em que a família Maggi ocupa papel de destaque. Um de seus integrantes, Blairo Maggi, ficou conhecido como “Rei da Soja”. Foi senador, governador em dois mandatos consecutivos pelo estado de Mato Grosso, entre 2003 e 2010, e ministro da Agricultura no governo Michel Temer. Em 2019, Maggi deixou a política.

Soja e defensivos em Mato Grosso

A cultura da soja é o carro-chefe da produção brasileira e mato-grossense. A produção de grãos no estado deve crescer 4,4% e atingir 97,3 milhões de toneladas na safra 2024/2025, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em 14 de janeiro. Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 31,4%, seguido por Paraná (12,8%), Rio Grande do Sul (11,8%), Goiás (11,0%), Mato Grosso do Sul (6,7%) e Minas Gerais (5,7%).

Segundo dados da Secretaria da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso, o cultivo de soja convencional consome em defensivos  R$ 1.579,81 por hectare, enquanto a soja transgênica gasta R$ 1.143,79 por hectare. O plantio de soja no estado ocupa 12,66 milhões de hectares, com 60% da área dedicada à soja transgênica. Um hectare corresponde a 10.000 metros quadrados.

A coluna procurou ainda a Secretaria do Estado de Meio Ambiente do Mato Groso, perguntando quais produtos serão fabricados na planta da Amaggi e seus princípios ativos, mas não recebeu retorno. O espaço está aberto a manifestações.

Comentários (7)

  • LEANDRO VINISKI DOS SANTOS |  22/01/2025 21:09:17

    Matéria muito mal escrita e tendenciosa para prejudicar o agro, o governo liberou a produção para uso apenas de produtos BIOLÓGICOS que não prejudicam o meio ambiente. O grupo que trabalho também obteve essa liberação podendo apenas produzir para uso em suas lavouras, comercializar não está liberado daí o nome Biofabrica (fabrica de biológicos). A imprensa como sempre quer sujar o agro

  • Elter Jhones |  21/01/2025 18:06:08

    Notícia tendenciosa ,mal elaborada.Defensivo agrícola,agrotóxico, mete o Pantanal no meio do assunto, não esclarece o que uma coisa tem a ver com outra. E para completar se confunde em fatos históricos, Blairo não foi ministro de Temer e sim do Lula. Lamentável.

  • Odir Santos de Arruda  |  20/01/2025 18:06:11

    Agrotóxicos cancerígeno, querem matar o povo

  • Carlos |  20/01/2025 12:12:24

    Muito preocupante essa matéria, pois tem simplificar de maneira essa e inveesada um assunto extremamente importante, que é buscar a proteção do meio ambiente em paralelo ao aumento de produção e empregos. Para início de conversa Bioinsumo e Agrotóxicos são produtos totalmente diferentes, é só dar um Google e pesquisar.

  • Júlio Várzea Grande |  20/01/2025 10:10:10

    Agrotóxico ou Defensivo Agrícola? Site sem postura independente. Se continuar assim é fazer igual o OD, vai perder a credibilidade!

  • Barao |  19/01/2025 18:06:09

    Matéria extremamente negativa, como se defensivo agrícola fosse proibido. Estranho esse tipo de jornalismo que joga contra o próprio desenvolvimento do estado e cidade onde trabalham.

  • João |  19/01/2025 16:04:00

    A matéria da a impressão que os defensivos serão jogado diretamente nos parques e unidades de conservação do Pantanal, é isso mesmo????

Confira também: Veja Todas